Usando uma armadura de papel uma garotinha empunha uma espada. "Queria ser samurai, não princesa", disse. Hoje adulto, adotou o nome Kisaburo, o mesmo do bisavô e integra a quarta geração atuando no ramos dos quimonos. Com a marca que leva o seu nome, ele aproveita o savoir-faire da confecção da família, Iwamoto Wasai, para modernizar o uso da tradicional vestimenta japonesa.
Kisaburo foi um dos palestrantes do Colóquio de Moda que aconteceu na UNESP em Bauru, interior de São Paulo. Para o evento ele criou especialmente um quimono de chita. Em sua palestra ele fez uma breve retrospectiva de sua história, explicou sobre o que representa o quimono para a sociedade japonesa e em seguida apresentou seu trabalho.
São vários os tipos de quimono. Destinados a vários usos e são repletos de códigos. Solteira usa um tipo, casada outro; homens amarram o obi (a faixa) na linha do quadril, mulheres usam na cintura. O quimono-conceito chega a custar 10 mil dólares. É feito de seda pura e demora pelo menos seis meses para ficar pronto. Um quimono atravessa gerações. São costurados de tal modo que é possível "guardar" o tecido dentro de sua estrutura. Por exemplo: "herdei o quimono da minha mãe, que era mais gordinha que eu. Ajusto o quimono, mas o tecido fica lá, de modo que minha filha quando herdar pode fazer o ajuste necessário".
O alto custo de produção de quimonos aliado a um gradual enfraquecimento das tradições locais, como a substituição do traje tradicional pelo vestido de noiva ocidental, está restringindo o mercado dos quimonos ao aluguel.
Aí vem o pulo do gato de Kisaburo. "Para a tradição dos quimonos não morrer, é preciso adaptá-la ao mundo de hoje", avisa. Os japoneses não costumam misturar quimonos com peças ocidentais. "É preciso usar outros tecidos e adaptar as formas para o dia-a-dia. Pensar na modelagem do quimono para andar de bicicleta, por exemplo", explicou.
Ele usava um quimono jeans enquanto proferia a palestra.
Falou também sobre as estampas e as cores: "os quimonos sempre trazem temas da natureza. As mulheres usam peças rosas, vermelhas; os homens usam azul, preto. Estou trazendo novas referências para estampas como as tradicionais gravuras Ukiyo-e, grafismos e expandir a cartela de cores", contou. Mostrou fotos de peças como saias e blusas feitas com técnicas de confecção de quimono.
Sua produção ainda é artesanal, mas ele pretende expandir. Seu objetivo é estar bem estruturado até 2020, ano que Tóquio será a sede das Olimpíadas. "Adoraria fazer kimonos com tecidos do mundo todo". Muito simpático e curioso, ele devolveu uma pergunta para os espectadores: "Qual é o traje tradicional de vocês?".
atualização:
Kisaburo vai ministrar um workshop no ateliê da estilista Fernanda Yamamoto.
Workshop Quimono sem gênero com Kisaburo
Data: 21 de outubro de 2017, sábado, das 14h às 17h (3 horas)
Local: Ateliê Fernanda Yamamoto (Rua Aspicuelta 441, Vila Madalena)
Vagas: 15 vagas
Valor: R$200
Inscrições: luciana.salazar@fernandayamamoto.com.br ou (11) 3032-7979
Pagamento: antecipado por deposito bancário. A efetivação da inscrição só será feita com a confirmação do deposito bancário.
Língua: haverá tradução do japonês para o português
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