Elsa Schiaparelli & Miuccia Prada |
A mostra propôs um diálogo discursivo e criativo entre as duas brilhantes criadoras italianas, Elsa Schiaparelli e Miuccia Prada. Eram sete "conversas" entre as duas, nas quais seus respectivos elementos criativos se tocam - as fotos ilustram. Como não vi a expo, tô fazendo o post baseado no catálogo que é maravilhoso.
#bookdodia |
The Surreal Body Wallis Simpson usando Schiaparelli, Vogue Paris, Julho 1935/ Prada Verão 2000 |
The Surreal BodySchiaparelli, Harper's Bazaar, Fevereiro 1935/ Prada Inverno 2002-3 |
Pensando no tempo de maturação do inconsciente coletivo de quem viu a mostra naquele ano e no tempo do desenvolvimento das coleções, uma rebarba do diálogo entre as duas estilistas italianas deve estar pipocando em vitrines aqui e alí... Aliás, talvez no toque surrealista na coleção verão 2014 da própria Miuccia Prada.
Prada Verão 2014:
Tanto Schiap (íntima) quanto Prada criam para a mulher moderna, que desconhece a barreira entre “a roupa para o dia” e a “roupa para a noite”, pois ela precisa estar elegante e preparada para ambas ocasiões em virtude da vida agitada que leva.
Hard Chic Schiaparelli, Vogue Paris, Setembro 1938/ Prada Inverno 2004-5 |
Elsa e Miuccia são sociólogas da moda, ou seja, sabem identificar os desejos de consumo das mulheres porque são conscientes do mundo que as cercam, e além disso profundas conhecedoras da história, não só da moda, mas do mundo (o que é a moda se não um recorte possível para compreender a história da humanidade?). Ambas sempre souberam balizar muito bem suas coleções. Com os alicerces bem fincados têm a licença poética para subverter os padrões do "belo" na moda.
Ugly Chic Schiaparelli, Vogue Paris, 1927/ Prada Inverno 1996-97 |
Prada Verão 2013 - Calçados polêmicos bem ao estilo "Ugly Chic" |
Waist Up, Waist Down Wallis Simpson usando Schiaparelli, Vogue, junho 1937/ Prada Verão 2011 |
Já Prada, que, vale ressaltar, é socióloga por formação, desponta nos anos 1980, se firma nos 1990 e hoje acumula o posto de estilista mais copiada da moda, com um impulso nada desprezível do filme “O Diabo veste Prada”, que popularizou sua marca, e os meandros do mundo da moda.
Naif Chic Schiaparelli, Vogue Paris June 1949/ Prada Verão 2006 |
#livro Prada Verão 2011/ Schiaparelli Verão 1938 |
Talvez no embate "moda é arte" more a principal divergência no diálogo das duas. Prada é veemente em dizer que moda não é arte: "O design de um vestido é criação, mas não é arte. Arte é sobre a auto-expressão não guiada por implicações comerciais". Já Schiaparelli se auto-referencia: "criar vestidos... para mim não é profissão e sim uma arte". Enquanto Schiaparelli fez co-criações com os ícones do movimento surrealista. Prada funciona como uma mecenas das artes por meio da Fondazione Prada, na qual desenvolve e apoia projetos ligados não só as artes visuais, mas também à arquitetura e ao cinema.
The Classical Body Elsa Schiaparelli usando criação própria inverno 1931/Prada Inverno 2004-5 |
#livro Prada Inverno 2009 |
The Exotic Body Schiaparelli, Vogue, Junho 1935/ Prada Verão 2004 |
Relembrando a exposição.
Os vídeos, também todos em inglês e dirigidos pelo Baz Luhrman, promovem os diálogos. A atriz Judy Davis encarna Elsa Schiaparelli.
Hard Chic
Peças que fazem referência a uniformes militares e de profissões determinadas, a moda masculina e à utilização de materiais industriais, e a acabamentos severos.
Ugly Chic
Mistura de cores, texturas, estampas que explicitam a transgressão presente na verve criativa das duas.
Naif Chic
Estampas infantis, lúdicas propostas de maneira desconcertantes.
The Classical Body
O paradoxo entre o apolíneo- o clássico, clean e o dionisíaco- visceral, ornamentado.
The Exotic Body
Ambas se inspirando outras culturas: leste europeu, África, Ásia. Corpos que não estão acostumados a vestir.
The Surreal Body
Elementos como o trompe l'oeil e a mistura inusitada de materiais.
Waist Up and Down
Tendo a cintura como medida, há o embate do processo criativo de Miuccia Prada e Elsa Schiaparelli.
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