prato estampado por Débora Chodik |
Aquela frase - “todas as histórias já foram contadas”- pode ser aplicada às formas das roupas. As saias, por exemplo, já desceram, subiram, rodaram e ajustaram. Desde a criação da saia lápis no final dos anos 1940 e da minissaia nos anos 1960, o que se vê são releituras. O diferencial aparece nas texturas e nas estampas. E as estampas são a bola da vez na moda.
Aqui no Brasil a Adriana Barra, a Farm, a Antix são grifes que têm as estampas como marcas registradas. Contudo, os designers responsáveis pelos desenhos costumam ficar nos bastidores.
A grife finlandesa Marimekko apostou na estampa como protagonista lá em 1951, e hoje está por todos os lados.
A Swash London e a colombiana Catalina Estrada são outras grifes de estampas. A jovem marca anglo-brasileira Isolda também se firmou como tal. Suas peças da estão onipresentes nos editoriais de moda.
com menos de dois anos de vida a Isolda já emprestou as estampas para a Converse |
Estampas no Moda pra Ler:
Entrevista com Catalina Estrada
Entrevista com Adriana Barra
Entrevista com a dupla da Swash London
Procurando jovens designers que estejam apostando na criação de estampas me deparei com a paulistana Débora Chodik, de 27 anos, que há menos de um apostou no formato e criou a marca que leva seu nome e uma loja virtual. Antes de criar sua empresa, passou pela equipe de estilo do Reinaldo Lourenço e da Giuliana Romano e pela tecelagem Marles. Por Skype, ela me contou os desafios de começar.
Débora Chodik #selfie a capa do telefone tem a sua estampa |
Moda pra ler: Quando descobri seu site lembrei de cara do modelo da Marimekko e da Swash, que partem da estampa para criar o produto...
Debora Chodik: Sim, sim! Essas duas marcas e mais a Orla Kiely são minhas inspirações! Pois é, quero fazer tudo estampado desde roupas básicas até acessórios para cozinha e decoração. Não sei ainda o quanto as pessoas entendem isso, mas gostam de estampas.
estampas da coleção de estreia |
Por que você decidiu abrir sua marca?
Meu ultimo trabalho foi em uma estamparia Marles. Sentia muita falta de ver as estampas aplicadas nos produtos como era no Reinaldo e Giuliana Romano. De passar por todo o desenvolvimento até dar vida de verdade pra estampa. E já fazia um tempo que queria trabalhar por conta própria. Achei que esse era um segmento que ainda estava muito no começo e que podia ser uma boa oportunidade!
Criação das estampas e bordados para as coleções Verão 2013 e Inverno 2013 |
Como é seu processo de criação das estampas?
Acabo fazendo todas as estampas pelo computador, juntando imagens de livros e referencias de internet! Teve até duas estampas que fiz com a ajuda de um aplicativo do iphone!
ateliê |
Como que você desenvolveu os temas dessa primeira coleção?
Costumo ir fazendo as estampas aos poucos. Um pouco um dia. Depois de uma semana mudo alguma coisa até achar que esta pronto mesmo. Como a marca esta funcionando como um grande experimento. Resolvi que as estampas não seguiriam um tema. Iria lançando aleatoriamente. Acabou que muitas estampas têm pássaros. Foi por acaso mesmo.
Aquela estampa dos flamingos, como foi? Ela tem um nome legal!
A glu glu? Foi engraçado no começo estava insegura com ela. Ganhei um livro ("Our Garden Birds" #bookdodia ) de pássaros e comecei a misturá-los. É figurativa e “menininha” demais. Diferente do que estava acostumada a fazer, mas resolvi ir em frente. Acho que foi a estampa que todo mundo mais amou. Até virou o símbolo da marca!
cortina de box com a estampa "glu-glu" |
E como é achar os fornecedores para aplicar as estampas?
Nossa! É a parte mais difícil! Impressão digital ainda é muito caro. Por isso tive que encontrar outra solução que é a sublimação. Não é o ideal, mas... Assim consigo manter o custo final ok. Ainda estou penando para achar fornecedores que façam as outras coisas, como os pratos e as capinhas. É super complicado. A maioria não quer saber de marcas que estão começando e produzem pouca quantidade. Fora que falta maquinário mesmo!
O que a técnica de sublimação?
Sublimação é uma técnica de estamparia, primeiro você imprime a estampa em um papel sublimático e depois coloca o tecido em uma prensa junto com esse papel em uma temperatura super alta e aí a estampa vai pro tecido. É bem legal porque é bem mais barato, mas precisa usar no mínimo 60% de poliéster.
Comecei pelas roupas porque era o que já estava acostumada. Aos poucos fui migrando para as capinhas, malas e etc... Acho que achar o fornecedor certo ajuda muito na minha decisão.
Além da sua marca, você está desenvolvendo parcerias com outras empresas?
Sim. Além da marca continuo fazendo bastante freela de estamparia e design. Parcerias são sempre bem vindas. Para o ano que vem já tem uma encaminhada. A marca toco-oco vai fazer bonecos com as minhas estampas. Muito fofo!
Os produtos são feitos sob encomenda?
O ateliê fica na minha casa em Pinheiros. Para a maioria dos produtos faço uma grade de produtos bem pequena. Fica mais fácil produzir tudo de uma vez. Por agora, só os pratos que estou fazendo por encomenda. Além do site, vendo em três lojas.
No meio da conversa descobrimos que somos vizinhas e ela contou que namora o artista plástico Guilherme Peters...
Você convive com muitas referências de arte?
Sim, convivo. Costumo ir bastante à Galeria Vermelho
ateliê |
Tem algum artista que você gosta mais?
Nesses últimos tempos conheci muitas coisas novas. Uma delas foi o trabalho da Carmela Gross que vi na (galeria) Pivô.
O que te chamou atenção no trabalho dela?
As luzes!
Pensa em usar isso para uma próxima coleção de estampas?
Quem sabe fazer algo pensando nessas luzes?
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