Conheça o reino encantado da designer de joias Victoire de Castellane, da Dior



Ainda que o anel de noivado Oui (à esquerda) seja uma de suas peças mais lembradas,

o casamento que acompanha o "viveram felizes para sempre"

soa menos interessante do que a fauna e na flora das florestas e jardins dos arredores dos castelos

das princesas de Victoire de Castellane (à direita)

Fotos: Divulgação e Reprodução


Por Laura Artigas, colaboração para o site da Harper’s Bazaar


No imaginário da designer Victoire de Castellane os contos de fadas estão vivos. A toada barroca e kitsch da diretora de criação da linha de haute joaillerie da Dior ganha status bola de cristal no reino das tendências da temporada. Suas peças poderosas se encaixam perfeitamente ao fairytale mood, que a edição de outubro da Harper’s Bazaar desvenda.


Sua trajetória de catorze anos a frente da Maison foi recentemente celebrada com o livro Dior Joaillerie, lançado no início do ano pela editora Rizolli. Vivendo entre o design e a arte, em 2007, a coleção Belladone Island foi exposta na sala das Nympheas (os emblemáticos painéis do impressionista Claude Monet), no Museu D’Orangerie em Paris. E em 2011, a incensada galeria Gagosian, em Nova York, abrigou seu trabalho na mostra Fleurs d’ Excès. Mergulhamos no universo de Madame Castellane na entrevista a seguir:


Os contos de fadas fazem parte do seu repertório de criação?

Me inspiro muito nos contos de fadas e no universo infantil. Também na arte, em filmes, em fotos de revistas, na natureza e nas mulheres. Eu faço uma mistura mental de tudo isso e as ideias surgem. As coleções sempre começam assim. Meu conto de fadas favorito é O Pássaro Azul, escrito por Madame d’Aulnoy no século 17.


Como começou seu interesse pela joalheria?

O interesse pelas joias herdei da minha avó, Sylvia Hennessy. Ela usava joias combinando com suas roupas e poderia trocá-las até três vezes ao dia. Ela era impecável. Conviveu com gente excêntrica, com escritores, estrelas de Holywood e estilistas (inclusive com o próprio Dior). Esse sim, era um verdadeiro jet set.



Como criou as primeiras joias?

Com cinco anos eu desmontei um brinco que ganhei da minha mãe. Com doze eu derreti a minha medalha religiosa para pode fazer meu próprio anel.


E como tomou gosto pelas joias maximalistas?

Quando trabalhava para a Chanel, onde fiquei por catorze anos, na hora do almoço eu costumava comprar joias vintages para customizar. Porém, não conseguia encontrar peças suficientemente grandes. Então, pedi para um pequeno ourives parisiense fazer um anelzão. Foi aí que tudo começou.


Como é o processo de criação das suas joias?

Faço um esboço rápido em um post-it e minha equipe o transforma em um desenho feito com guache nas dimensões reais da peça. Os ateliês de Paris o avaliam e fazemos um protótipo com cera verde. As peças demoram até dois para ficarem prontas.





Como conseguiu desenvolver as joias coloridas?

Durante muito tempo eu sonhei com um ouro colorido. Ouro branco, amarelo e acobreado não eram suficientes para mim. Um dia olhando a foto de um Cadillac cor-de-rosa dos anos 1950 encontrei a solução: verniz. Perguntei para os melhores ourives de Paris se seria possível cobrir ouro com verniz verde, roxo, azul… E eles disseram: ‘sim, por que não?’ Comecei a usar a técnica nas coleções Milly Carnivora (veja anel, na imagem acima) e Belladone Island.


Você conta histórias usando pedras e metais preciosos em vez de palavras?

Nunca tinha pensado dessa maneira, mas gosto da comparação.


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