Na sexta 25/03, aconteceu Regards Croisés, Encontro Franco-Brasileiro de Moda e Criação na sede da ABIT em São Paulo. Participaram do evento representantes do mundo da moda dos dois países. Tô meio atrasada, mas acho que vale apontar os pontos principais deste encontro.
O Consul Geral da França em São Paulo, Sylvain Itté, fez a abertura e ilustrou o futuro das relações entre os dois países com uma metáfora: "cada um de nos é um anjo de uma asa só, portanto temos que nos abraçar para voar alto".
Antes de começar o texto algumas siglas e links para ambientar o leitor:
Instituições que defendem e organizam o mundo da moda:
ABEST - Associação Brasileira de Estilistas
http://www.abest.com.br
ABICALÇALDOS - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
http://www.abicalcados.com.br
ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil de Confecção
http://www.abit.org.br
APEX - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
http://www.apexbrasil.com.br
TEXBRASIL - Programa de Exportação da Indústria da Moda Brasileira
http://www.texbrasil.com.br
Paris Capitale de la Création - Organização de profissionais da moda em Paris
http://www.pariscapitaledelacreation.com
***
Os assuntos debatidos são importantes para pensar o futuro da moda nos quesitos: comércio, principalmente internacional, e indústria.
Painel 1: Como reforçar a parceria França-Brasil e o eixo Paris-São Paulo na moda e na criação
mediação: Lilian Pacce
Etienne Cochet, presidente da Paris Capitale de la Création
Citou a parceria bem sucedida entre a Lacoste e os Irmãos Campana, como exemplo de integração entre moda e indústria. Adora a mistura de raças no Brasil e de certa essa característica se relaciona com a França.
Paulo Borges, presidente do grupo Luminosidade e do In-Mod
Falou que o Brasil já aprendeu que não precisa ser exótico e regionalista para ter visibilidade, e nesse momento, aqui, é onde mora o novo, e o país pode ensinar inovação. Contudo, ainda temos muito que aprender com a Europa, e principalmente com a França.
Rafael Cerrone, diretor do programa Texbrasil/ APEX
Cabe ao programa preparar as empresas para a exportação. O Brasil anda chamando atenção pelo tema da sustentabilidade e surge como uma opção ao mercado asiático. O país ainda mantém o know-how de todos os elos da cadeia produtiva (ou seja da criação à confecção). O que não acontece mais nos países como Itália e França que transferiram sua produção para a Ásia, ou leste Europeu.
Roberto Davidowicz, presidente da ABEST
Apesar do alarde sobre a criatividade brasileira, o faturamento com exportações é ainda muito baixo. O país ainda não é prioridade para os investidores. E apontou que parcerias como a da Lacoste com os Irmãos Campana podem ser um começo para boas relações comerciais.
Marco Aurelio Lobo, Gestor de Projetos APEX
Paris é a porta para o mundo. É para onde vão, por exemplo, os principais compradores do endinheirado Oriente Médio. Contudo, na moda, o Brasil ainda não exporta volume, exporta imagem. E alerta: O Brasil só será reconhecido quando tiver uma economia criativa. E um evento como o Regards Croisés prova que está acontecendo uma mudança de paradigma. Na APEX, o grupo moda é o que tem mais recursos.
Regina Guerreiro, editora de moda
Criação no Brasil tem um limite complexo: será que a gente vai conseguir fazer?
Acredita na autoroute SP-Paris, mas essa estrada ainda tem muitos pedágios. As escolas de moda brasileiras são primarias. O Brasil precisa muito da França nesse sentido.
Christian Hallot, embaixador da H. Stern
Estar em Paris é fundamental, esta em Paris em 1970. A H.Stern fez o caminho contrário. "A H.Stern foi a primeira a fazer o prêt-à-porter das jóias", citou Costanza Pascolato e essa fórmula, veio da criatividade dos brasileiros. E lamentou que a joalheira ainda não tem a capacidade de manufaturar a demanda que é encomendada.
Gloria Kalil, editora de moda
"O encontro não é motivado pela moda, e sim pela boa fase econômica que vive o Brasil" (resumiu bem, né?). Avisou que é hora de lançar bases concretas. O Brasil é uma grande marca, mas sem produtos. Havaianas, H.Stern, e Carlos Miele são as poucas marcas conhecidas no exterior. O Brasil tem mercado interno, mas a indústria ainda não tem qualidade. Não há marcas fortes e não temos preços competitivos. A consultoria de profissionais franceses seria bem vinda.
***
As outras três mesas foram segmentadas respectivamente em Lingerie e Moda Praia; Acessórios, calçados e prêt-à-porter feminino; Prêt-à-porter; Design e casa (não vi a última palestra). Todas foram mediadas pela editora de moda Regina Guerreiro, que se lançou num francês perfeito.
destaco alguns trechos aqui:
-----
Painel 2: Troca de ideias entre fileiras e salões
participantes: Marie-Laure Bellon, presidente da Eurovet Lingerie; Angelo Frigerio, diretor de marketing do grupo Rosset; Fernando Santos Eduardo, diretor de exportação da marca Feriado Nacional; Mariana Lima, criadora da Verve Lingerie
Angelo Frigerio: "O mundo da Lingerie é fantástico. Todo mundo usa, mas não sabe qual é a lingerie do outro".
Fernando Santos Eduardo, diretor de exportação da marca Feriado Nacional
"A cultura empresarial do Brasil é o problema: não treina corretamente seus funcionários, não investe em tecnologia. A soma de tudo isso é um produto insatisfatório". (eu nunca tinha ouvido falar dessa marca: http://www.feriadonacional.com.br )
Mariana Lima, criadora da Verve Lingerie
A grife surgiu inspiradas nos biquínis brasileiros. (ou seja lingerie com cara de biquíni)
Painel 3: Moda Urbana, acessórios, calçados
Boris Provost diretor das feiras "Who's Next" e "Première Classe"; Cecilia Prado; Sarah Chofakian; Serpui Marie, Tatiana Arrigoni
Cecilia Prado, estilista especializada em tricô
Foi uma das primeiras estilistas a se beneficiar dos projetos da ABEST em feiras internacionais e hoje exporta 60% da sua produção.
***
Painel 4: Prêt-à-porter
Muriel Piaser, diretora dos salões de Prêt-a-porter de Paris; Glória Coelho; Tereza Santos; Gustavo Lins
Gustavo Lins
Desfila na semana de alta costura de Paris e quer emprestar seu know-how para as indústrias brasileiras, principalmente na modelagem.
Tereza Santos
Hoje Tereza tem um escritório de moda, onde presta serviços e desenvolve coleções especiais. Contou sua experiência de vender nas Galleries Lafayete e revelou que é bem importante, e um grande estímulo, estar fora do país e conviver com marcas de grande porte.
Gloria Coelho
Elencou o que está aprendendo com o filho Pedro Lourenço desfilando em Paris:
1 - Ter uma empresa super organizada e boa logística para as peças chegarem na hora certa
2 - Ter uma assessora de imprensa internacional para chamar atenção
3 - Não esquecer da linha resort (intermediária entre o inverno e o verão), porque é o que mais atrai o orçamento dos compradores, cerca de 70% , segundo ela.
4 - Organizar um showroom e visitar os clientes (multimarcas) para ver como as coisas estão andando.
Muriel Piaser
O que anda funcionando bem na Europa é o luxo acessível. Vide experiências de parceria com a H&M e grifes como Lanvin, Comme des Garçons, etc.
***
Encerramento:
Costanza Pascolato
frases:
"Eu represento a indústria têxtil brasileira. Ela sofre e sofrerá mais no futuro".
"O Brasil não tem aperfeiçoamento de modelagem. As confecções não sabem cortar uma cava"
"Estamos começando um embrião da independência estilística".
Rafael Cervone
" Falta educação no Brasil. Há demanda de costureiras".
" O país corre o risco da desindustrialização (ou seja transferir os pólos industriais para lugares onde a mão de obra é mais barata). Isso aconteceu com a França, mas quando a renda per capita já estava alta. Isso não pode acontecer com o Brasil".
***
para entender:
As feiras, ou salões, como gostam de chamar os franceses, são ferramentas muito importantes para atrair compradores internacionais. Eis aqui as principais feiras cujos representantes estavam no evento:
Salões de negócios na França:
Mode City (lingerie e moda praia) http://www.mode-city.com/
Interfilière (tecidos lingerie e moda praia) http://www.interfiliere.com
Who's net (prêt-à-porter) http://www.whosnext.com/
Prêt-à-porter Paris: http://www.pretparis.com/
Première Vision (tecidos - não estava no evento, mas é uma feira bem importante)
http://www.premierevision.com/
O Consul Geral da França em São Paulo, Sylvain Itté, fez a abertura e ilustrou o futuro das relações entre os dois países com uma metáfora: "cada um de nos é um anjo de uma asa só, portanto temos que nos abraçar para voar alto".
Antes de começar o texto algumas siglas e links para ambientar o leitor:
Instituições que defendem e organizam o mundo da moda:
ABEST - Associação Brasileira de Estilistas
http://www.abest.com.br
ABICALÇALDOS - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
http://www.abicalcados.com.br
ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil de Confecção
http://www.abit.org.br
APEX - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
http://www.apexbrasil.com.br
TEXBRASIL - Programa de Exportação da Indústria da Moda Brasileira
http://www.texbrasil.com.br
Paris Capitale de la Création - Organização de profissionais da moda em Paris
http://www.pariscapitaledelacreation.com
***
Os assuntos debatidos são importantes para pensar o futuro da moda nos quesitos: comércio, principalmente internacional, e indústria.
Painel 1: Como reforçar a parceria França-Brasil e o eixo Paris-São Paulo na moda e na criação
mediação: Lilian Pacce
Etienne Cochet, presidente da Paris Capitale de la Création
Citou a parceria bem sucedida entre a Lacoste e os Irmãos Campana, como exemplo de integração entre moda e indústria. Adora a mistura de raças no Brasil e de certa essa característica se relaciona com a França.
Paulo Borges, presidente do grupo Luminosidade e do In-Mod
Falou que o Brasil já aprendeu que não precisa ser exótico e regionalista para ter visibilidade, e nesse momento, aqui, é onde mora o novo, e o país pode ensinar inovação. Contudo, ainda temos muito que aprender com a Europa, e principalmente com a França.
Rafael Cerrone, diretor do programa Texbrasil/ APEX
Cabe ao programa preparar as empresas para a exportação. O Brasil anda chamando atenção pelo tema da sustentabilidade e surge como uma opção ao mercado asiático. O país ainda mantém o know-how de todos os elos da cadeia produtiva (ou seja da criação à confecção). O que não acontece mais nos países como Itália e França que transferiram sua produção para a Ásia, ou leste Europeu.
Roberto Davidowicz, presidente da ABEST
Apesar do alarde sobre a criatividade brasileira, o faturamento com exportações é ainda muito baixo. O país ainda não é prioridade para os investidores. E apontou que parcerias como a da Lacoste com os Irmãos Campana podem ser um começo para boas relações comerciais.
Marco Aurelio Lobo, Gestor de Projetos APEX
Paris é a porta para o mundo. É para onde vão, por exemplo, os principais compradores do endinheirado Oriente Médio. Contudo, na moda, o Brasil ainda não exporta volume, exporta imagem. E alerta: O Brasil só será reconhecido quando tiver uma economia criativa. E um evento como o Regards Croisés prova que está acontecendo uma mudança de paradigma. Na APEX, o grupo moda é o que tem mais recursos.
Regina Guerreiro, editora de moda
Criação no Brasil tem um limite complexo: será que a gente vai conseguir fazer?
Acredita na autoroute SP-Paris, mas essa estrada ainda tem muitos pedágios. As escolas de moda brasileiras são primarias. O Brasil precisa muito da França nesse sentido.
Christian Hallot, embaixador da H. Stern
Estar em Paris é fundamental, esta em Paris em 1970. A H.Stern fez o caminho contrário. "A H.Stern foi a primeira a fazer o prêt-à-porter das jóias", citou Costanza Pascolato e essa fórmula, veio da criatividade dos brasileiros. E lamentou que a joalheira ainda não tem a capacidade de manufaturar a demanda que é encomendada.
Gloria Kalil, editora de moda
"O encontro não é motivado pela moda, e sim pela boa fase econômica que vive o Brasil" (resumiu bem, né?). Avisou que é hora de lançar bases concretas. O Brasil é uma grande marca, mas sem produtos. Havaianas, H.Stern, e Carlos Miele são as poucas marcas conhecidas no exterior. O Brasil tem mercado interno, mas a indústria ainda não tem qualidade. Não há marcas fortes e não temos preços competitivos. A consultoria de profissionais franceses seria bem vinda.
***
As outras três mesas foram segmentadas respectivamente em Lingerie e Moda Praia; Acessórios, calçados e prêt-à-porter feminino; Prêt-à-porter; Design e casa (não vi a última palestra). Todas foram mediadas pela editora de moda Regina Guerreiro, que se lançou num francês perfeito.
destaco alguns trechos aqui:
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Painel 2: Troca de ideias entre fileiras e salões
participantes: Marie-Laure Bellon, presidente da Eurovet Lingerie; Angelo Frigerio, diretor de marketing do grupo Rosset; Fernando Santos Eduardo, diretor de exportação da marca Feriado Nacional; Mariana Lima, criadora da Verve Lingerie
Angelo Frigerio: "O mundo da Lingerie é fantástico. Todo mundo usa, mas não sabe qual é a lingerie do outro".
Fernando Santos Eduardo, diretor de exportação da marca Feriado Nacional
"A cultura empresarial do Brasil é o problema: não treina corretamente seus funcionários, não investe em tecnologia. A soma de tudo isso é um produto insatisfatório". (eu nunca tinha ouvido falar dessa marca: http://www.feriadonacional.com.br )
Mariana Lima, criadora da Verve Lingerie
A grife surgiu inspiradas nos biquínis brasileiros. (ou seja lingerie com cara de biquíni)
Painel 3: Moda Urbana, acessórios, calçados
Boris Provost diretor das feiras "Who's Next" e "Première Classe"; Cecilia Prado; Sarah Chofakian; Serpui Marie, Tatiana Arrigoni
Cecilia Prado, estilista especializada em tricô
Foi uma das primeiras estilistas a se beneficiar dos projetos da ABEST em feiras internacionais e hoje exporta 60% da sua produção.
***
Painel 4: Prêt-à-porter
Muriel Piaser, diretora dos salões de Prêt-a-porter de Paris; Glória Coelho; Tereza Santos; Gustavo Lins
Gustavo Lins
Desfila na semana de alta costura de Paris e quer emprestar seu know-how para as indústrias brasileiras, principalmente na modelagem.
Tereza Santos
Hoje Tereza tem um escritório de moda, onde presta serviços e desenvolve coleções especiais. Contou sua experiência de vender nas Galleries Lafayete e revelou que é bem importante, e um grande estímulo, estar fora do país e conviver com marcas de grande porte.
Gloria Coelho
Elencou o que está aprendendo com o filho Pedro Lourenço desfilando em Paris:
1 - Ter uma empresa super organizada e boa logística para as peças chegarem na hora certa
2 - Ter uma assessora de imprensa internacional para chamar atenção
3 - Não esquecer da linha resort (intermediária entre o inverno e o verão), porque é o que mais atrai o orçamento dos compradores, cerca de 70% , segundo ela.
4 - Organizar um showroom e visitar os clientes (multimarcas) para ver como as coisas estão andando.
Muriel Piaser
O que anda funcionando bem na Europa é o luxo acessível. Vide experiências de parceria com a H&M e grifes como Lanvin, Comme des Garçons, etc.
***
Encerramento:
Costanza Pascolato
frases:
"Eu represento a indústria têxtil brasileira. Ela sofre e sofrerá mais no futuro".
"O Brasil não tem aperfeiçoamento de modelagem. As confecções não sabem cortar uma cava"
"Estamos começando um embrião da independência estilística".
Rafael Cervone
" Falta educação no Brasil. Há demanda de costureiras".
" O país corre o risco da desindustrialização (ou seja transferir os pólos industriais para lugares onde a mão de obra é mais barata). Isso aconteceu com a França, mas quando a renda per capita já estava alta. Isso não pode acontecer com o Brasil".
***
para entender:
As feiras, ou salões, como gostam de chamar os franceses, são ferramentas muito importantes para atrair compradores internacionais. Eis aqui as principais feiras cujos representantes estavam no evento:
Salões de negócios na França:
Mode City (lingerie e moda praia) http://www.mode-city.com/
Interfilière (tecidos lingerie e moda praia) http://www.interfiliere.com
Who's net (prêt-à-porter) http://www.whosnext.com/
Prêt-à-porter Paris: http://www.pretparis.com/
Première Vision (tecidos - não estava no evento, mas é uma feira bem importante)
http://www.premierevision.com/
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