Não havia nenhuma roupa exposta no lançamento de outono-inverno 2011 da jovem grife GAROA, semana passada, na Galeria Mendes Wood. O empresário Andre Tassinari e sua equipe optaram por apresentar um vídeo criado pela artista plástica Laura Vinci no lugar do costumeiro mise en scène de apresentação de coleção.
GAROA, coleção outono-inverno 2011
Chamada de "Água, Luz e Arcos", as principais inspirações da nova coleção foram a cidade de Paris no início do século XX e arquitetura islâmica. Uma importante referência foi o arquiteto francês Jean Nouvel e sua arquitetura de inspiração islâmica (ah! Jean Nouvel assina o lindo prédio do Instituto do Mundo Árabe em Paris, que fica às margens do Rio Sena).
A trajetória de Andre Tassinari, 32, é diferente no mundo da moda. Ele é engenheiro de produção, e fez MBA em negócios na Inglaterra. Sua família é muito ligada à arte e a arquitetura, e assim encontrou na moda a plataforma ideal para unir suas diferentes referências. Por facebook ele me contou um pouco sobre sua empreitada.
moda pra ler: Você acabou de fazer o lançamento da coleção de inverno na Galeria Mendes Wood e optou por fazer um vídeo assinado pela artista plástica Laura Vinci. Qual a sua relação com o mundo das artes e o que ele influencia na GAROA?
André Tassinari: Eu sempre fui muito ligado ao mundo das artes. Meu pai é crítico, minha tia e minha irmã são artistas, meu avô é colecionador. Então a arte sempre esteve presente no meu dia-a-dia. E é assim que eu gosto da arte, que ela faça parte da nossa vida diária, e não que fique restrita a museus e galerias. Então era natural que a GAROA fosse fortemente relacionada à arte. As estampas, por exemplo, são desenhadas por minha irmã Mariana Tassinari, e pela arquiteta e designer de azulejos Bruna Albuquerque. A relação da marca com arte foi ainda mais reforçada pelo fato de a estilista da GAROA, Iara Wisnik, também ser rodeada de arte por todos os lados. Assim, a arte influencia a GAROA desde o processo criativo até a divulgação da coleção na loja e em outros locais afins, como a Galeria Mendes Wood.
versão completa com seis minutos: aqui
mpl: Muitas grifes estão optando por fazer vídeo no lugar de catálogos. Por que optou por mostrar a coleção em um vídeo?
AT: Uma das razões é que os catálogos são uma coisa meio ultrapassada, hoje em dia a maioria deles vai direto para o lixo, e isso vai contra o que acreditamos. Nós também acreditamos que os próprios desfiles são coisas meio ultrapassadas. É só ver como eles têm mudado de formato nos últimos anos. Assim, um vídeo pode ao mesmo tempo funcionar como um substituto para o catálogo e para o desfile, já que ele consegue apresentar ao mesmo tempo a coleção e a atmosfera em que essa coleção foi pensada. Mas é importante lembrar que um bom lookbook é importante para complementar o vídeo.
GAROA, coleção outono-inverno 2011
mpl: Você fez engenharia e MBA, conhece bem o mundo dos números, e então: a moda é um bom negócio?
AT: Minha ideia era justamente criar uma marca que além de ter estilo próprio fosse um bom negócio. Para isso é preciso crescer, o que é o nosso plano.
André Tassinari
mpl: Quais os principais desafios de montar uma marca de moda no Brasil?
AT: Começar é muito difícil, devido à pequena escala de produção. Muitas confecções exigem mínimos muito altos por peça. Além disso, já precisamos ter uma equipe grande mesmo antes de ter um crescimento nas vendas, o que exige um período de investimento sem retorno. A carga de impostos é outro desafio: mesmo antes de gerar lucro uma empresa pequena gasta grande parte de seus recursos com impostos.
mpl: A marca aposta em roupas clássicas, mas com uma bossa, além disso aposta forte na linha masculina. Como surgiu o conceito? Você já pensou nisso quando decidiu abrir a marca?
AT: A ideia inicial da marca veio porque eu enxergava espaço no Brasil para uma marca masculina que fosse de certa forma clássica, mas com uma bossa, como você descreveu. O Herchcovitch e outros já faziam uma moda masculina mais autoral. Mas eu achava que este tipo de moda era moderno demais para o homem brasileiro, e queria achar um equilíbrio entre clássico e moderno. Esse equilíbrio também é o que buscamos no feminino, que é importante para a marca pois propicia uma maior liberdade na criação das peças, e assim ajuda a construir a imagem da marca.
GAROA, coleção outono-inverno 2011
MPL: A loja da grife uma proposta de arquitetura bem marcada. Como foi a "encomenda" do projeto para o UNA arquitetos? Como a arquitetura ajuda a construir o conceito da marca?
AT: A parceria com o Una Arquitetos foi um grande acerto. Desde a ideia inicial da GAROA eu achava que era importante já começar com uma loja que ajudasse a construir o conceito da marca. As peças de roupa da GAROA não teriam a mesma força em outro ambiente. A loja foi pensada para reforçar nossa imagem. O Una é um escritório bem paulistano, como a GAROA, e também tem como característica criar uma arquitetura autêntica e com cara própria, porém sem recorrer a excessos estilísticos. Eles nos deram total abertura para opinar e adequar o projeto deles ao que imaginávamos ideal, e conseguimos felizmente chegar em uma solução que agradasse a todos.
GAROA, coleção outono-inverno 2011
Chamada de "Água, Luz e Arcos", as principais inspirações da nova coleção foram a cidade de Paris no início do século XX e arquitetura islâmica. Uma importante referência foi o arquiteto francês Jean Nouvel e sua arquitetura de inspiração islâmica (ah! Jean Nouvel assina o lindo prédio do Instituto do Mundo Árabe em Paris, que fica às margens do Rio Sena).
A trajetória de Andre Tassinari, 32, é diferente no mundo da moda. Ele é engenheiro de produção, e fez MBA em negócios na Inglaterra. Sua família é muito ligada à arte e a arquitetura, e assim encontrou na moda a plataforma ideal para unir suas diferentes referências. Por facebook ele me contou um pouco sobre sua empreitada.
moda pra ler: Você acabou de fazer o lançamento da coleção de inverno na Galeria Mendes Wood e optou por fazer um vídeo assinado pela artista plástica Laura Vinci. Qual a sua relação com o mundo das artes e o que ele influencia na GAROA?
André Tassinari: Eu sempre fui muito ligado ao mundo das artes. Meu pai é crítico, minha tia e minha irmã são artistas, meu avô é colecionador. Então a arte sempre esteve presente no meu dia-a-dia. E é assim que eu gosto da arte, que ela faça parte da nossa vida diária, e não que fique restrita a museus e galerias. Então era natural que a GAROA fosse fortemente relacionada à arte. As estampas, por exemplo, são desenhadas por minha irmã Mariana Tassinari, e pela arquiteta e designer de azulejos Bruna Albuquerque. A relação da marca com arte foi ainda mais reforçada pelo fato de a estilista da GAROA, Iara Wisnik, também ser rodeada de arte por todos os lados. Assim, a arte influencia a GAROA desde o processo criativo até a divulgação da coleção na loja e em outros locais afins, como a Galeria Mendes Wood.
versão completa com seis minutos: aqui
mpl: Muitas grifes estão optando por fazer vídeo no lugar de catálogos. Por que optou por mostrar a coleção em um vídeo?
AT: Uma das razões é que os catálogos são uma coisa meio ultrapassada, hoje em dia a maioria deles vai direto para o lixo, e isso vai contra o que acreditamos. Nós também acreditamos que os próprios desfiles são coisas meio ultrapassadas. É só ver como eles têm mudado de formato nos últimos anos. Assim, um vídeo pode ao mesmo tempo funcionar como um substituto para o catálogo e para o desfile, já que ele consegue apresentar ao mesmo tempo a coleção e a atmosfera em que essa coleção foi pensada. Mas é importante lembrar que um bom lookbook é importante para complementar o vídeo.
GAROA, coleção outono-inverno 2011
mpl: Você fez engenharia e MBA, conhece bem o mundo dos números, e então: a moda é um bom negócio?
AT: Minha ideia era justamente criar uma marca que além de ter estilo próprio fosse um bom negócio. Para isso é preciso crescer, o que é o nosso plano.
André Tassinari
mpl: Quais os principais desafios de montar uma marca de moda no Brasil?
AT: Começar é muito difícil, devido à pequena escala de produção. Muitas confecções exigem mínimos muito altos por peça. Além disso, já precisamos ter uma equipe grande mesmo antes de ter um crescimento nas vendas, o que exige um período de investimento sem retorno. A carga de impostos é outro desafio: mesmo antes de gerar lucro uma empresa pequena gasta grande parte de seus recursos com impostos.
mpl: A marca aposta em roupas clássicas, mas com uma bossa, além disso aposta forte na linha masculina. Como surgiu o conceito? Você já pensou nisso quando decidiu abrir a marca?
AT: A ideia inicial da marca veio porque eu enxergava espaço no Brasil para uma marca masculina que fosse de certa forma clássica, mas com uma bossa, como você descreveu. O Herchcovitch e outros já faziam uma moda masculina mais autoral. Mas eu achava que este tipo de moda era moderno demais para o homem brasileiro, e queria achar um equilíbrio entre clássico e moderno. Esse equilíbrio também é o que buscamos no feminino, que é importante para a marca pois propicia uma maior liberdade na criação das peças, e assim ajuda a construir a imagem da marca.
GAROA, coleção outono-inverno 2011
MPL: A loja da grife uma proposta de arquitetura bem marcada. Como foi a "encomenda" do projeto para o UNA arquitetos? Como a arquitetura ajuda a construir o conceito da marca?
AT: A parceria com o Una Arquitetos foi um grande acerto. Desde a ideia inicial da GAROA eu achava que era importante já começar com uma loja que ajudasse a construir o conceito da marca. As peças de roupa da GAROA não teriam a mesma força em outro ambiente. A loja foi pensada para reforçar nossa imagem. O Una é um escritório bem paulistano, como a GAROA, e também tem como característica criar uma arquitetura autêntica e com cara própria, porém sem recorrer a excessos estilísticos. Eles nos deram total abertura para opinar e adequar o projeto deles ao que imaginávamos ideal, e conseguimos felizmente chegar em uma solução que agradasse a todos.
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