Queridos leitores do blog me permitam um momento absolutamente pessoal por aqui ;)
Vista da cobertura do Copan. São Paulo acaba em barranco?
celular@modapraler
celular@modapraler
Durante três anos morei no Edifício Copan. Sim, morei, porque mudei há duas semanas. Como vocês puderam ver fiquei sem a minha internet noturna e não atualizei o blog. Agora ela voltou, meu fogão novo chegou e começo a vislumbrar como será a vida na minha nova casa e a entender esse passado recente.
As formas que Oscar Niemeyer cria são realmente estimulantes. Como uma ironia do destino, durante a transição entre uma casa e outra, zapeando a TV dos meus pais, surge a imagem do Copan no canal Brasil. Estava passando o documentário: “Oscar Niemeyer : a vida é um sopro”. Nele há uma passagem bem interessante mostrando que as obras do arquiteto acabam se tornando a identidade do lugar, por vezes parte do logotipo de determinado serviço das cidades em que são construídas, como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói no logo de um serviço de Táxi. E em uma novela quando querem ambientar a cena em São Paulo mostram uma imagem área do Copan geralmente acompanhada por buzinas atrás.
Pensei em associar o Copan a moda. A obra de Niemeyer já serviu de inspiração para Tufi Duek na Forum e para Pedro Lourenço, que estreou na semana de moda de Paris também de olho no centenário arquiteto. Mas a conexão que mas me veio a cabeça foi o tal “lifestyle”. Hoje muito mais do que roupa as pessoas estão interessadas em comprar “uma experiência“. E sem dúvida morar no Copan é uma experiência. Sendo objetiva lembrei das vitrines das lojas da galeria do edifício. Sempre ficava curiosiosa sobre como elas iriam mostrar "as tendências". E pensei também no seu Armando, alfaiate que trabalha no Copan há uns 30 anos e até hoje só negocia no olho a olho, nada de papel, cadastro ou coisa que o valha. Um sinal, dia, hora da entrega e pronto.
O Copan foi minha primeira casa sozinha, pequena e barata. O espaço pequeno me obrigava a duas coisas: ser muito organizada e sair de casa pelo menos alguma hora do dia e encarar a cidade.
Uma das sensações mais fortes que tinha no Copan era estar sempre olhando para fora. Quem mora nos belíssimos apartamentos de três quartos do prédio não deve ter muita vontade de sair de casa, mas também olha para fora, porque a cidade está ali de presente pra você. Quase todos os apartamentos do Copan têm janelas grandes. Vidro do chão ao teto que escancaram a paisagem. As cortinas não são suficientes para tapar a claridade. E a luz entra e a cidade entra.
São Paulo nos afoga e nos liberta com a mesma intensidade. Morando no centro essa sensação é quase diária, pelo menos para mim era. Acostuma-se. Você sai para trabalhar e olha a travesti com aquela cara provocante e ameaçadora tentando arrematar o último cliente na frente da Love Story , e depois a encontra discutindo o preço do tomate na feira de domingo na Praça Roosvelt, sob a mesma luz da manhã. Você tem 4999 vizinhos e pode sentir um vazio. No instante seguinte lembra que uma esfiha do Almanara, uma revista importada ali da banca da Basílio da Gama e um café expresso no Floresta, era tudo que você precisava para se sentir confortável nessa cidade louca.
***
Deixo aqui esse texto, essas observações, essa homenagem, a esse edifício cheio de charme, mistérios e que encanta e intriga todo mundo, assim como São Paulo. E parabéns ao síndico, o Afonso (ele pode tranquilamente se candidatar a prefeito) que cuida daquela cidade de 5 mil pessoas com tanta disciplina e atenção.
Aqui o trailer do documentário "OSCAR NIEMEYER - A VIDA É UM SOPRO":
(na faixa do 102: Dona Canô ou Niemeyer?)
As formas que Oscar Niemeyer cria são realmente estimulantes. Como uma ironia do destino, durante a transição entre uma casa e outra, zapeando a TV dos meus pais, surge a imagem do Copan no canal Brasil. Estava passando o documentário: “Oscar Niemeyer : a vida é um sopro”. Nele há uma passagem bem interessante mostrando que as obras do arquiteto acabam se tornando a identidade do lugar, por vezes parte do logotipo de determinado serviço das cidades em que são construídas, como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói no logo de um serviço de Táxi. E em uma novela quando querem ambientar a cena em São Paulo mostram uma imagem área do Copan geralmente acompanhada por buzinas atrás.
Pensei em associar o Copan a moda. A obra de Niemeyer já serviu de inspiração para Tufi Duek na Forum e para Pedro Lourenço, que estreou na semana de moda de Paris também de olho no centenário arquiteto. Mas a conexão que mas me veio a cabeça foi o tal “lifestyle”. Hoje muito mais do que roupa as pessoas estão interessadas em comprar “uma experiência“. E sem dúvida morar no Copan é uma experiência. Sendo objetiva lembrei das vitrines das lojas da galeria do edifício. Sempre ficava curiosiosa sobre como elas iriam mostrar "as tendências". E pensei também no seu Armando, alfaiate que trabalha no Copan há uns 30 anos e até hoje só negocia no olho a olho, nada de papel, cadastro ou coisa que o valha. Um sinal, dia, hora da entrega e pronto.
O Copan foi minha primeira casa sozinha, pequena e barata. O espaço pequeno me obrigava a duas coisas: ser muito organizada e sair de casa pelo menos alguma hora do dia e encarar a cidade.
Uma das sensações mais fortes que tinha no Copan era estar sempre olhando para fora. Quem mora nos belíssimos apartamentos de três quartos do prédio não deve ter muita vontade de sair de casa, mas também olha para fora, porque a cidade está ali de presente pra você. Quase todos os apartamentos do Copan têm janelas grandes. Vidro do chão ao teto que escancaram a paisagem. As cortinas não são suficientes para tapar a claridade. E a luz entra e a cidade entra.
São Paulo nos afoga e nos liberta com a mesma intensidade. Morando no centro essa sensação é quase diária, pelo menos para mim era. Acostuma-se. Você sai para trabalhar e olha a travesti com aquela cara provocante e ameaçadora tentando arrematar o último cliente na frente da Love Story , e depois a encontra discutindo o preço do tomate na feira de domingo na Praça Roosvelt, sob a mesma luz da manhã. Você tem 4999 vizinhos e pode sentir um vazio. No instante seguinte lembra que uma esfiha do Almanara, uma revista importada ali da banca da Basílio da Gama e um café expresso no Floresta, era tudo que você precisava para se sentir confortável nessa cidade louca.
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Deixo aqui esse texto, essas observações, essa homenagem, a esse edifício cheio de charme, mistérios e que encanta e intriga todo mundo, assim como São Paulo. E parabéns ao síndico, o Afonso (ele pode tranquilamente se candidatar a prefeito) que cuida daquela cidade de 5 mil pessoas com tanta disciplina e atenção.
Aqui o trailer do documentário "OSCAR NIEMEYER - A VIDA É UM SOPRO":
(na faixa do 102: Dona Canô ou Niemeyer?)
Irmã, muito bom, mas muito bom mesmo o post. As raízes da arquitetura estão na sua veia!
ResponderExcluirbeijo grande
Muito bom. Gostei principalmente do trecho: "Uma das sensações mais fortes que tinha no Copan era estar sempre olhando para fora."
ResponderExcluirBeijo.
"São Paulo nos afoga e nos liberta com a mesma intensidade". Morar no centro de São Paulo é um presente para os amantes da cidade, mas também exige fôlego.
ResponderExcluirAdorei sua homenagem, ainda estou saudosa de você ter ido para o outro lado da Augusta... Vamos ter que trocar lanche na Santa Efigênia por sorvete na Soroco, rs.
bjs!
Um dos melhores textos que já li por aqui. Brinde-nos sempre com momentos pessoais desses :)
ResponderExcluirBjs, Aline.
"E a luz entra e a cidade entra".
ResponderExcluirMuito belo o texto! Nem sou de Sampa, mas amo! Excelente post!
Bjs
Gostei muito do seu blog, textos otimos, dicas excelentes, AMEI! Parabens! Bjs
ResponderExcluirBelo texto, Laurinda!
ResponderExcluirMe fez lembrar da sensação que tive qdo saí da casa do meu pai para morar numa casa convencional! Eu achava que nunca ia me acostumar a morar num lugar em que a paisagem de fora não estivesse dentro! É um lifestyle mesmo. Ainda bem que a gente pôde usufruir. Boa sorte na sua casa nova! bjs
Sempre tive verdadeira encantamento pelo copan. Quando morei em SP, tinha dava sempre um jeitinho de passar um tempinho olhando essa bagunça organizada. Agora, lendo esse texto incrível, o encantamento só aumentou.
ResponderExcluirParabéns!
beijo
laurindaaaa!
ResponderExcluirler seu texto, recém chegada ao RIO, depois de três anos e pouquinho vivendo São Paulo e, principalmente, o centro, me emocionou.
quero um capuccino do floresta! manda pra mim?
parabéns!
beijos
Oi, adoro teu blog , tudo muito lindo como sempre,visite meus blogs e minha loja com peças originais e exclusivas tricotadas as mão,beijokas
ResponderExcluirhttp://agulhaetricot.com
http://titacarre.elo7.com.br
Laura, amei o que você escreveu de forma tão inteligente, jovem e apaixonada.
ResponderExcluirDescobri você hoje, e já sou sua fã.
Beijos, sucesso.
Cida Comoti (lembra né? a mãe do Gá)