Nascido em Barros de Cassal, interior do Rio Grande do Sul, o estilista Daniel Lion começa cruzar as fronteiras do sul.
A industria de moda do Rio Grande do Sul está entre as primeiras do Brasil, porém, pouco se conhece dos criadores de lá. Os mais famosos são Mareu Nitschke que participava da São Paulo Fashion Week e Elisa Chanan que desfila no Fashion Rio.
Daniel tem 40 anos é autodidata. Começou a trabalhar como estilista há apenas 6 anos, mas acumula vasta experiência como figurinista de teatro. Sua formação profissional é como ator.
Ele mora e trabalha em Porto Alegre. Em outubro de 2006 inaugurou o Avesso – Núcleo de Moda, onde divide o espaço com as designers conterrâneas Anne Anicet, Karen Raissa e Vivi Gil. O lugar é um misto de loja, atelier e laboratório de criação.
Durante o carnaval que resumiu como “nada de samba no pé, só corte e costura, com muito alfinete espetado no dedo”, o estilista respondeu as perguntas do Moda pra Ler.
Você é figurinista e diretor de arte. Conta como começou a atuar nessas áreas?
Também sou ator profissional há mais de 20 anos. No inicio desenhava os figurinos das peças em que eu atuava.O meu trabalho como figurinista começou a ser reconhecido pela crítica, aí vieram os convites para outros trabalhos, além daqueles em que eu também era ator. A partir daí, não parei mais e comecei a assinar a direção de arte de importantes projetos e eventos aqui no sul.
E a carreira de estilista?
A minha carreira como estilista foi, de certa forma, um desdobramento natural da de figurinista, embora sejam distintas, tem também muitas coisas em comum. O uso de tecidos, texturas, formas, cores.O mais complicado foi aprender a transformar a roupa em um produto. Talvez esteja aí a principal diferença, já que o processo de criação é bastante semelhante.
Em 2003 você participou do Donna Fashion Iguatemi (semana de moda do Rio Grande do Sul) como estilista "Next Generation" e também ganhou o projeto de novos talentos da CeA.
Qual foi a importância desses dois eventos na sua carreira?
Participei das duas primeiras edições do Donna Fashion Iguatemi-2001 e 2002- dentro do projeto Next Generation, o mais importante evento de moda do sul. Em 2002, também fui escolhido como estilista revelação no projeto nacional Novos Talentos C&A.Ter sido convidado para o line-up do Donna Fashion foi fundamental para alavancar a minha carreira como estilista. A partir do evento o meu trabalho ficou conhecido no RS e fui conquistando aos poucos a minha clientela e o respeito e destaque na imprensa especializada,que desde o início sempre divulgou o meu trabalho na mídia local,apostando no meu talento.
Você ganhou outros prêmios e concursos depois?
Atualmente sou um dos profissionais mais requisitados e premiados do teatro gaúcho,com mais de 15 prêmios de melhor figurino e cenário.Na área de moda não participei de nenhum concurso, mas já fui convidado para criar looks para eventos semelhantes ao do Rexona.O primeiro look que criei e produzi foi para o Impulse Style,em 2001,que acabou me rendendo o convite pro Donna Fashion Iguatemi.
Você cria apenas roupas para mulheres?
Faço mais moda feminina, mas aos poucos estou trabalhando com o masculino. Faço principalmente camisas,com uma modelagem slim e detalhes nas costas,aplicações,recortes,grafites que personalizam as peças tornando-as únicas. Mas pretendo investir mais nesse mercado.
No que se inspira para desenvolver suas coleções?
Tudo que vivencio me serve como inspiração. Os filmes que assisto, os espetáculos, as viagens, os livros, as músicas, as pessoas. Tudo é absorvido, assimilado e de alguma forma se reflete na minha criação de moda.Também me interessa muito a história do vestuário: os costumes de época; as décadas passadas. Quando se trabalha com criação tudo é material para uma espécie de repertório visual e de referencias que se armazenam, se fundem , se transformam e estão sempre lá germinando, prontas para saltar para a roupa!
Suas criações têm um conceito que gosta de seguir?
Acho que todo o designer acaba sempre tendo um estilo próprio. Um conceito que une todo o seu trabalho.O que não quero é ser escravo do meu próprio estilo ,ou marca. Quero ter a liberdade de poder mudar os caminhos e conceitos que eu mesmo criei. Talvez, até negar tudo que desenvolvi na coleção anterior, para começar do zero na próxima.Os desafios me encantam e me dão aquele friozinho na barriga!
Quais tecidos você costuma e gosta de trabalhar?
O tecido é fundamental na minha moda, é o ponto de partida. Normalmente, primeiro escolho os tecidos e depois começo a desenvolver a coleção. Adoro garimpar tecidos vintage,estampas raras com metragem limitada.Os tecidos em fibras naturais são uma delicia de tocar,sentir,usar, mas trabalho com os sintéticos e mistos sem problemas. É fundamental entender o tecido, sentir seu caimento, textura, gramatura para perceber se ele quer virar uma blusa,um vestido ou outra peça.
Atualmente você apresenta suas coleções em alguma semana de moda?
Não, mas acho esses projetos para novos estilistas fundamentais e de grande importância como o Casa de Criadores e o Hot Spot, por exemplo.Que venham outros!!! Adoraria participar!
Onde você vende suas criações hoje?
Participo do AVESSO NÚCLEO DE MODA. Fica num charmoso sobrado na rua Visconde do Rio Branco,729.
Tá bombando aqui em Porto Alegre. Estou concentrando todas as minhas vendas nesse espaço, que oferece ao consumidor uma moda autoral,cheia de estilo e design,com peças únicas e limitadas. Algumas lojas de SP já estão me sondando para uma parceria, mas ainda não tem nada acertado.
Quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar no RS?
Acho que a principal vantagem é poder estar na minha terra junto dos meus amigos, das minhas raízes, sem depender do tal eixo Rio-São Paulo, tão cultuado e desejado por tantos.Quanto as desvantagens, talvez a maior seja o fato de ser difícil ultrapassar as fronteiras para ter o trabalho reconhecido nacionalmente.Tudo que acontece aqui, por melhor que seja, acaba repercutindo só por aqui mesmo.E a moda precisa de visibilidade, da imprensa,das revistas para despertar desejo.
Vi num site a seguinte declaração sua: “Moda não é arte; é indústria acima de tudo, é business, é negócio." Por que moda não é arte?
Moda não é arte por que basicamente são coisas distintas. A arte é superior á moda em todos os sentidos. É eterna, sublime, necessária, includente, relevante. A moda não. Ela é passageira, efêmera, excludente é indústria, é comércio. Eu posso viver sem moda, mas não posso viver sem arte!!!!!! A moda bebe na fonte da arte, retira dela inspiração,força e até sentido.Vemos grandes coleções de alta costura com roupas que são quase esculturas,com desfiles teatrais e dramáticos. Todas essas referencias vem da arte.
O que é moda pra você?
Pra mim moda é comportamento, é desejo, é produto, um fenômeno social. É uma forma de as pessoas serem aceitas no seu meio.
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"Estava num camarim de teatro fazendo provas de figurinos, uma correria e de repente tocou o celular e era da produção do evento me convidando para participar. Foi muito bacana ter criado o look para o desfile virtual,isso me deu uma visibilidade importante para divulgação do meu trabalho", comemora o estilista.
O look de Daniel Lion para o desfile virtual do Rexona Crystal foi inspirado na palavra Reinvenção. Ele recriou a camisa branca, como detalha no vídeo.
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Crédito das Imagens: Daniel Lion/ Divulgação
interessante mesmo seu blog
ResponderExcluirvou add
beijaum
Blog super Toppppppp!
ResponderExcluirVou fazer uma seleção dos 5 melhores e o seu vai com certeza ser um dos destaques, tá?
Beisoussssssssss
Daniel Amarhal