Folheando a edição passada da revista britânica "The Gentlewoman" a campanha de outono inverno 2015 da marca J.W.Anderson chamou a atenção por sua simplicidade. É esta foto aqui:
J.W. Anderson é o estilista norte-irlandês que garfou o British Fashion Award de 2015 por suas coleções masculina e feminina. Ele foi apontado pela revista i-D como "o designer mais instigante de nossa geração". Depois de despontar na semana de moda de Londres, atualmente ele comanda o estilo da grife espanhola Loewe, do grupo LVMH.
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"Ela está bêbada". "Acho que ela está morrendo". "Vou pedir para minha mãe cuidar dela". Um grupo de crianças expõe suas opiniões sobre campanhas publicitárias de moda. Os comentários são divertidos (vídeo em espanhol com legenda em inglês). A primeira análise é justamente sobre uma campanha da Loewe.
O trabalho é da artista visual e performer espanhola Yolanda Dominguéz. Seus projetos são relacionados à indústria da moda e da beleza e têm um viés irônico e bastante crítico.
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São poucas as marcas que se arriscam em imagens menos produzidas e mais realistas. Há mesmo um certo ar de superioridade nessas caras e bocas das fotos de moda. Diana Vreeland explica: "o que vende é a esperança". Já Marx diria que é o "fetiche da mercadoria". Comprar a roupa de determinada marca, principalmente das de luxo, é comprar um sonho bem embalado. Começa na passarela, continua nas campanhas, se prolifera nos editoriais, no look do dia das blogueiras e termina no ponto de venda, cujas vitrines costumam acompanhar a história (ou o storytelling, na versão gourmet) que a marca pretende contar naquela temporada.
Os desejos de consumo são muitas vezes motivados por um curta-metragem mental que a peça de roupa reluzente na vitrine tem o poder de criar. Você arrancando elogios e chamando a atenção do seu alvo amoroso em um evento? Você sendo poderos@ e botando para quebrar em uma reunião de trabalho? E por aí vai. Inconsciente, este fanfarrão. Consumir é também sobre ser aceito.
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