mpl entrevista: Amanda Mujica da AMU

Depois do São Paulo Fashion Week eu fiquei um pouco em crise com a moda praia brasileira. Até postei aqui. Porém, outro dia via um e-mail do Radar 55 fiquei conhecendo a AMU, marca feita pela carioca Amanda Mujica. Me encantei tanto com os biquínis que resolvi desenferrujar e fazer uma entrevista.

Amanda Mujica vestindo AMU

Eu já conhecia o trabalho dela na Soul Seventy, e acredito que alguns leitores também. A marca participou de seis edições do Rio Moda Hype. No Fashion Rio de junho do ano passado, a estilista integrou o projeto Fashion Container. Ela ficou trancada em um container costurando sua coleção, e tudo foi transmitido.

Em uma conversa por e-mail ela me contou que é fã da praia e pratica surfe. Por aproveitar bastante a cidade maravilhosa suas inspirações são as pessoas que circulam pelas praias e pelas ruas. A seguir ela conta mais...

Conta um pouco da sua história na moda?
Sempre fui magrela. Queria usar as marcas bacanas, mas nada me cabia. Por isso tinha uma máquina de costura da minha avó que vivia funcionando para apertar minhas roupas. Resolvi fazer moda (Faculdade Cândido Mendes).Trabalhei como figurinista no início e fui estudar fora (Academmia Italiana em Florença, Itália) para entrar mais na profissão. Quando voltei tentei trabalhar para marcas famosas, mas nada se encaixou muito com o que tinha a dizer. Era a hora de ter minha própria marca. Associei-me ao artista plástico Antonio Bokel, meu namorado na época, e começamos vendendo roupas numa tenda de bambu (projetada por ele) no Posto 9 em Ipanema. O que mais vendia era biquíni pois estávamos na praia, né ? Todos os fins de semana de sol marcávamos presença por lá. Dali em diante acabei entrando em editais para novos estilistas. Participei de 6 edições consecutivas do Rio Moda Hype, com a Soul Seventy. Hoje tenho as duas marcas uma só de biquíni, a AMU e a Soul Seventy que tem uma pegada mais artsy. E continuo fazendo trabalhos paralelos, como uniforme de rede de restaurantes Koni, produção de moda de editoriais de moda praia.


biquinis da Soul Seventy em desfiles do Rio Moda Hype

Como e por que começou a fazer moda praia?
Era a minha vida. Nessa época eu surfava bastante e como tudo na minha vida acaba surgindo da sinceridade do que estou vivendo no momento, não podia ter sido diferente.

Já deu para perceber quem são suas clientes?
Como é um formato caseiro acaba que fica subentendido, mas faço o que eu usaria então como tenho 29 anos digamos que o público meio que é dos 20 aos 40.

Onde você está vendendo?
Só no meu ateliê e as vendas online estão indo de vento em popa.

Como é a pesquisa de tendências para a sua moda praia?
É na praia. Presto atenção no que as pessoas usam, mas sempre buscando algo diferenciado porque se for ver a maioria usa biquíni de laçinho, que eu particularmente não aguento mais olhar.




Para o verão 2010 qual o conceito da coleção?
A A.M.U foge um pouco dessa regra de conceitos e inspirações . Faço esse caminho para as marcas que dou direcionamento criativo, mas a AMU mesmo é um garimpo de coisas que me chamam atenção. Como se fosse arte mesmo. Como não tem foco comercial compro coisas que não necessariamente terei quantidade depois e faço poucos biquínis com o tal material que inspira .Enfim, digamos que as coleções são inspiradas nos meus garimpos.



No Fashion Rio verão 2009 você ficou no container costurando. Você gosta de costurar?
Costuro para me expressar, não para vender.

Sua modelagem é um pouco maiorzinha, que de certo modo vai contra a tradição da moda praia carioca bem cavada. As cariocas estão mudando a preferência ou querendo mais opções?
Minhas modelagens são maiores, pois acho mais bonito mesmo. Espero que vire sim uma preferência. Odeio a imagem da brasileira com fio dental.



Os desfiles de moda praia nessa temporada esbarraram em um ar glamour, iate, balneário francês. Você acha que essa moda pega na praia carioca?
Acho que a inspiração é moldada para que tenha utilidade. O que vemos em editorias ou desfiles é sempre exagerado para que funcione como inspiração, dali sugamos o que funciona ou não. Acho que como inspiração é sempre válido e cabe a nós interpretar isso de uma forma real ao uso. Sou a favor do hi-lo uma pitada de glamour com uma pitada de simplicidade. Opostos que se atraem.

Você desenvolve para outras marcas, como a Cantão. Como elas descobriram sua habilidade para moda praia?
Na Soul Seventy os biquínis sempre tiveram um certo destaque. Acho que “a pessoa é para o que nasce” como dizia o documentário. E quando se está no trilho certo tudo acontece naturalmente. Espero que continue sempre assim.

Um dos videozinhos da instalação da Soul Seventy.

Comentários

  1. Bacana a entrevista. Gosto dessa atitude de uma moda como realização pessoal, que me pareceu ser a tendência da Amanda. Só preciso deixar aqui um desabafo quanto a expressões do tipo "não faço pra vender". Parece que virou um certo clichê no mundo da moda agora, todo mundo tem que dizer isso. Sobre o hilo, é uma aposta que vale a pena, sobretudo entre as brasileiras, que tendem para o hibridismo.

    p.s: é sempre bom passar por este blog, certeza de encontrar posts interessantes.

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