mundo miyake

Mais de semana se passou, mas a febre Japão não tem chance de acabar tão cedo. No dia 11 de abril, Dai Fujiwara, diretor de criação da Issey Miyake palestrou no auditório do Museu de Arte Modena de São Paulo.

Erico Marmiroli/ Divulgação

Laura Artigas/ Moda pra Ler


A palestra festejou a abertura da exposição “Quando Vidas se Tornam Forma: Diálogo com o Futuro - Brasil-Japão“, que fica em cartaz até o dia 22 de junho, no MAM - Parque Ibirapuera.

Convite Virtual da Exposição. Destaque para o vestido de saco de lixo criado por Jum Nakao.


A repercussão da palestra você confere em posts ótimos no blog do Sylvain e da Maria Prata. A editora de moda da Vogue, teve a oportunidade de almoçar com Fujiwara e explica de uma forma precisa o que é a A-POC - “A Piece of. Cloth“, a grosso modo -uma ideologia de costura criada por Miyake.

Videozinho de apresentação da grife em cartaz na exposição do MAM


A UOL também publicou uma matéria bem direta, destacando os polêmicos e pertinentes comentário de Jum Nakao que mediou a palestra.

Pela distância que separa esse post do evento prefiro deixar os comentários da palestra para os colegas de internet e reservar esse momento para explicar a importância de Issey Miyake para moda e porque Fujiwara é um ótimo sucessor para a grife.

© naohiro tsutsuguchi (geijutsu shincho)/ Design Boom


Issey Miyake completa 70 anos esse ano. Ele nasceu em Hiroshima (isso mesmo, a cidade onde caiu a bomba em 6 de agosto de 1945). Ainda bem, salvou-se da tragédia e pôde construir um legado e tanto para a moda mundial. Ele se formou em design em Tóquio e em seguida foi a Paris estudar costura. Estabeleceu sua marca em 1970 em Tóquio, e em 71 apresentou a primeira coleção de sua grife em Nova Iorque. E em 1973 migrou para a semana de moda parisiense. Atualmente continua nas passarelas francesas.

Apesar de começar sua carreira nos ano 1970, foi no anos 80 que a projeção foi maior. Miyake foi uma das pontas da tríade oriental que correu contra a corrente dos exageros e a sensualidade explícita da década. Os outros nomes fortes eram Rei Kawakubo da Comme des Garçons e Yohji Yamamoto.

Uma das principais diferenças entre a moda ocidental e oriental, segundo a pesquisadora Charlotte Seeling em seu livro: “Moda: o século dos estilistas - 1900-1999“, é o corte. O ocidental parte do corpo e o japonês parte do tecido” .

Pensar nas possibilidades do tecido no corpo e não do corpo no tecido causou frisson no mundo da moda nos anos 70, quando o culto à vaidade já era parte integrante da sociedade. Foi certamente uma revolução.

Partindo da máxima “o estilo parte da vida”, Miyake não deixou sua moda ficar somente no espetáculo da passarela e propôs peças práticas para o dia-a-dia. Sendo assim, nessa via de mão dupla vida-moda, Miyake sempre apostou em pesquisa de tecidos e desdobrou suas possibilidades. Seja em dobraduras, cortes, aplicações, beneficiamento e etc.

Vestido Minarete, feito de poliéster - Verão 1995 /Design Hub

Ele conseguiu implantar a moda com algo a dizer e integrada com a sociedade e de olho abertíssimo para as novas tecnologias. Sempre propondo o novo, é portanto, uma marca sempre esperada pela crítica nas temporadas inernacionais.

O passo a passo da A-POC. Revista Wired


Essa reportagem da revista Wired, publicada há 5 anos atrás, contextualiza bem a relação de Miyake com a tecnologia.

Miyake se aposentou em 1997, deixando o comando para seu assistente Naoki Takizawa. Dai Fujiwara assumiu a direção criativa em janeiro de 2007. Seu debut foi na coleção outono/inveno 2007/2008 em fevereiro de 2007 em Paris.


Naoki Takizawa Fashion Windows


Fujiwara está na Maison desde 1994. Entrou como diretor do projeto A-Poc. Ele é engenheiro têxtil e vem dando continuidade as idéias de Miyake.

Na palestra ele mostrou um vídeo sobre a pesquisa de cores feita in-loco na Amazônia. Uma das práticas dessa pesquisa consistia em montar varais com pedaços de tecidos e mergulhar nos rios da região.

Bastante preocupado com as questões mundiais, ele sempre leva à passarela questões tocantes a realidade socio-ambiental, como o aquecimento global.

Destaco o vestido de noiva criado para o projeto “It´s a beaultiful day - a wedding of today, tomorrow and design”, que já pincelei por aqui.

O vestido se torna um hexágono quando dobrado.






Sem mais delongas, acho que essas imagens explicam bem a importância de Issey Miyake e Dai Fujiwara na moda mundial, né?

Ah! Se você nunca tinha ouvido falar de Issey Miyake, talvez com esse vidro de perfume tudo fique mais familiar. L`Eau de Issey é um grande sucesso nos free shoppings do mundo.

Comentários

  1. Laurita, mas que aula é esse post! Eu amei! Aliás, espero que você não tenha abolido aquele plano de ser professora...!
    Saudades!
    Um beijão!
    Rebeca

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  2. Belíssimo e agradável texto. Sucesso e bjinhos.
    Nauê.

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